quinta-feira, janeiro 11, 2007

Diálogos pueris XVI


Ele: Estou cansado de mentir, sabes?
Ela: Porque é que mentes?
Ele: Para conseguir ter espaço para mim.
Ela: Espaço físico? Para estar sozinho? Ou com outra pessoa?
Ele: Espaço mental. Às outras pessoas, às outras mulheres, tenho tentado resistir.
Ela: Tens vontade de não resistir?
Ele: Às vezes. E tenho pensado cada vez mais nisso.
Ela: Na traição?
Ele: Não. Na durabilidade do amor...
Ela: ... do qual tu serás um belo exemplo...
Ele: Um exemplo, mas não propriamente belo.
Ela: Porque não?
Ele: Olho à minha volta e todos os meus amigos se separaram, menos eu.
Ela: Achas que és o único a estar errado?
Ele: Acho que sou o único sem coragem.
Ela: Mas porque havias de terminar uma relação onde existe amor?
Ele: Para quê mantê-la se já não existe aquele ardor?
Ela: Acreditas em relações onde esse ardor dura até ao fim da vida?
Ele: Não. Mas sei que não consigo ser feliz sem esse permanente estado de excitação.
Ela: Há outras coisas que só se ganham com o tempo. A cumplicidade, por exemplo.
Ele: O tempo?! Que tempo?! Achas que o amor é para ser conservado?! Nós não somos um museu!