sexta-feira, agosto 01, 2008

Diálogos pueris XXV

Ela: Estás feliz?
Ele: Estou bem.
Ela: Ainda em lua-de-mel?
Ele: Nunca usei essa expressão!! Existem desavenças, claro! Mas não tenho tempo para pensar nisso. Olho para os meus dois filhos pequeninos e não consigo parar de sorrir.
Ela: Transformaste-te mesmo num pai de família!
Ele: Sou muito conservador. Sempre fui, aliás. Muito protector do meu ninho. Tu sabes que sempre quis isto: uma família, muitos filhos...
Ela: Estás 'grávido' outra vez?
Ele: Agora não. Estamos a fazer um intervalo para tentarmos ter uma menina. Morreria na mais profunda das tristezas se não conseguisse ter uma filha.
Ela: Casas entretanto?
Ele: Não estou a pensar nisso. Um dia mais tarde, talvez... para reunir amigos.... for fun!
Ela: Posso fazer-te uma pergunta?
Ele: Claro!
Ela: Achas que ambos vivemos com "o" amor da nossa vida? Tu vives?
Ele: Ainda não.
Ela: Desculpa.
Ele: Não faz mal. És linda. E sim, o grande amor da minha vida.
Ela: É por causa disso o silêncio?
Ele: Também. Para não lembrar. Para não doer.

Diálogos Pueris XXIV

Ela: Também sentes que uma parte de ti morreu?
Ele: Tenho pensado nisso, sabes? Naquilo que sinto. E não, não sinto isso. Nem de longe nem de perto.
Ela: Deve ser isto então o tal fim triste de que me falaste: eu sinto que uma parte de mim morreu.
Ele: Sinto é que o caminho é cada vez mais agudo - não sinto que esteja morto contigo. E sim, concordo que desta vez levei as coisas longe demais...
Ela: Demasiado longe. Tão longe que não sei se haverá caminho de regresso...
Ele: Foi só uma tentativa de mudar as coisas. Mais uma, mais uma vez falhada. Mas uma tentativa.
Ela: A verdade é que nunca saímos abismo, pois não?
Ele: Acho que não. Se olhares para trás, perceberás que estivemos sempre lá. Mas se calhar, é aí que temos de estar. Talvez o amor total só exista a par dessa espécie de morte viva que reaparece sempre quando o amor duvida. Talvez seja essa a função do amor: ter um combate permanente contra a morte.
Ela: Fizemos tentativas os dois; falhámos os dois. Não quero continuar a viver no abismo nem acho que o amor seja isso, essa luta diária, permanente contra a morte. E que precise de ser questionado para sobreviver. Desculpa.