sexta-feira, agosto 01, 2008

Diálogos Pueris XXIV

Ela: Também sentes que uma parte de ti morreu?
Ele: Tenho pensado nisso, sabes? Naquilo que sinto. E não, não sinto isso. Nem de longe nem de perto.
Ela: Deve ser isto então o tal fim triste de que me falaste: eu sinto que uma parte de mim morreu.
Ele: Sinto é que o caminho é cada vez mais agudo - não sinto que esteja morto contigo. E sim, concordo que desta vez levei as coisas longe demais...
Ela: Demasiado longe. Tão longe que não sei se haverá caminho de regresso...
Ele: Foi só uma tentativa de mudar as coisas. Mais uma, mais uma vez falhada. Mas uma tentativa.
Ela: A verdade é que nunca saímos abismo, pois não?
Ele: Acho que não. Se olhares para trás, perceberás que estivemos sempre lá. Mas se calhar, é aí que temos de estar. Talvez o amor total só exista a par dessa espécie de morte viva que reaparece sempre quando o amor duvida. Talvez seja essa a função do amor: ter um combate permanente contra a morte.
Ela: Fizemos tentativas os dois; falhámos os dois. Não quero continuar a viver no abismo nem acho que o amor seja isso, essa luta diária, permanente contra a morte. E que precise de ser questionado para sobreviver. Desculpa.

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