segunda-feira, novembro 20, 2006

Diálogos pueris XIII

Ele: Há quanto tempo comecei a contar-te histórias de mulheres umas a seguir às outras?
Ela: Hmmm, não sei.
Ele: Há dois anos, mais ou menos, não foi?
Ela: Não sei, a sério. Mas sim, houve uma altura em que não eras assim. Ou, pelo menos, não contavas...
Ele: Eu não era assim! Por que achas mudei?
Ela: Não faço a mais pequena ideia.
Ele: Mudei há dois anos quando descobri que ela andava com três gajos ao mesmo tempo. Comigo, quatro. Sei que não é desculpa, mas nunca mais ficas igual...
Ela: Ficas como?
Ele: Como tu vês. Nem foi a traição que me mudou - sou relativamente tolerante em relação a isso. Foi a mentira. Não suporto a mentira!
Ela: Que mentira?
Ele: Quando, por mero acaso, descobri tudo, ela pediu desculpa, chorou, disse que não voltava a acontecer. Três meses depois percebi que estava tudo igual. E ela a insistir que não!!!
Ela: Podias ter acabado nessa altura...
Ele: Pois podia...
Ela: Mas não acabaste...
Ele: Pois não...
Ela: Porquê?
Ele: Não sei. Mas acho que foi nessa altura que perdemos o respeito um pelo outro. Deixámos de nos conseguir ver por dentro, de nos valorizarmos. Ambos dormíamos com outras pessoas, ambos sabíamos... e nenhum dizia nada...
Ela: Até que ela se cansou disso...
Ele: Sim...
Ela: Se calhar, ainda vais agradecer ela ter acabado...
Ele: Já estou a agradecer. Agora quero assentar. Quero casar e ter filhos, sabes?
Ela: Não.
Ele: Não?!
Ela: Queres casar e ter filhos com quem?
Ele: Ainda não sei. Estou tão carente que tenho medo de me prender à primeira mulher que me der atenção... mas é mesmo isso que eu quero...
Ela: Tu?! E achas que vais conseguir?
Ele: Claro!
Ela: Um amor exclusivo e para sempre?
Ele: Sim. Seduzir é bom, fortalece o meu ADN físico. Mas agora estou só interessado no ADN da alma.

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